Ministro entrega presidência a Fachin, fala em dúvida sobre permanecer no Supremo e tenta se refugiar de um desgaste que ele próprio ajudou a construir
O Supremo Tribunal Federal mais uma vez vive dias de espetáculo e contradição. Luís Roberto Barroso, até ontem presidente da Corte, anunciou que fará um “retiro espiritual” em outubro para decidir se continua ou não no STF. Oficialmente, a fala soa como dilema pessoal, quase íntimo. Mas na prática é o retrato de um ministro encurralado pelo desgaste político, pela pressão popular e pelos fantasmas do próprio passado.
Barroso alegou ter feito um pacto com a esposa, já falecida, de deixar a Corte após a presidência. Agora, sem essa motivação, diz sentir que talvez tenha “cumprido um ciclo”. Entre discursos de humildade e reflexões pessoais, ele tenta dourar uma saída que na verdade carrega o peso de anos de polêmicas, falas arrogantes e decisões contestadas.
Não podemos esquecer quem é Barroso. Foi ele que, em 2022, reagiu a manifestantes em Nova York com a frase que correu o mundo: “Perdeu, mané”. A arrogância togada condensada em duas palavras virou símbolo da distância entre Supremo e povo. Foi também ele quem, como advogado, defendeu causas que até hoje geram divisão no país, como a descriminalização do aborto de anencéfalos e a união homoafetiva — temas usados pela esquerda como bandeira, mas vistos pela maioria da população como militância ideológica fora da neutralidade judicial.
Mais recentemente, Barroso também recuou em abrir o código-fonte do sistema de processos do STF. Primeiro acenou transparência, depois voltou atrás, alegando risco de ataques hackers. Esse vaivém virou sinônimo de falta de clareza, alimentando ainda mais a desconfiança contra a Corte. E quando o povo pediu impeachment de ministros, Barroso classificou como “irrazoável” — um gesto claro de blindagem corporativa, de quem defende mais a toga do que a democracia.
Agora, em meio a críticas cada vez mais duras contra o STF, Barroso anuncia que vai se isolar para refletir. Mas o Brasil inteiro sabe que esse “retiro espiritual” é menos sobre paz de espírito e mais sobre tentar fugir do peso de sua própria história.
Enquanto ministros procuram refúgio, o país continua pagando caro pela ditadura da toga. Réus do 8 de janeiro seguem condenados com penas absurdas, famílias destruídas pela arbitrariedade, e a liberdade sufocada em nome de um tribunal que se coloca acima da Constituição.
O dilema de Barroso não é só pessoal. É um retrato do próprio STF: perdido entre vaidades, blindagens e contradições. O povo não precisa de ministros em retiro, mas de justiça verdadeira, livre da arrogância e do abuso.
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